
QUEM QUER SER UM SUPER-HERÓI?!
Tive uma quarta feira agitada.
Em fim como disse no post anterior toda a nerdada se aprontou para ir ao cinema assistir a chegada de WATCHMEN ao nosso marginal circuito de filmes sul-mineiro.
Uma grande família unida indo entusiasmada assistir um filme recomendado para maiores de 18 anos, repleto de sexo, violência, rock n’roll, e genitais azuis.
Uma grande comédia de erros.
- Ué, peraí. O filme já começou?
- Não. Ainda não tá na hora. Deve ser o fim da sessão anterior.
- Eu não vou ver o final!
- Nem eu.
Infelizmente NÃO era o final da sessão anterior, e acabamos perdendo o dez minutos inicias nessa confusão. Sendo assim fui obrigado a assistí-lo duas vezes.
Mas valeu a pena. O filme é lindo. =)
Já inicia formidável com o brutal assassinato de um dos personagens e uma seqüência inicial ao som de Bob Dylan.
Somos introduzidos a uma década 80 alternativa onde vigilantes mascarados estilo Batman são bastante reais e foram proibidos pela controversa Lei Keene. Diferente das estórias comuns do gênero esse é um universo visceral habitado por justiceiros sociopatas, mulheres histéricas, tecnocratas viciados em andrenalina e Rambos que descarregam suas metralhadoras em manifestantes e ativistas políticos.
A Guerra Fria perdura junto a re-eleições infinitas do presidente Nixon. Esse é um mundo onde a presença de um único, mas real super-homem, o azulão quântico Dr. Manhatann ajudou os E.U.A a vencer a guerra do Vietnã e a intimidar a URSS, levando o mundo há uma paz tensa mas cuja fragilidade pode se agravar em um conflito nuclear.
A narrativa oscila desde a primeira pessoa a flashbacks pelos quais somos levados ao conflito que move o enredo: Quem está tentando eliminar os vigilantes? E qual o sentido de se ter heróis e combatentes do crime em um mundo que parece estar condenado ao Apocalipse atômico?
Como professor de História sou obrigado a dizer que o diretor Snyder foi sábio em reconhecer que a ambientação e o espírito do tempo sob o qual Watchmen foi escrito é o que alicerça seu enredo, e que uma mudança nesse elemento iria exigir uma re-formulação completa ao invés de uma simples (simples?) adaptação.
Com suas 2 horas e meia de duração (e acredite isso é pouco, a versão do diretor deverá ficar por volta de 3 horas e 10 minutos) Watchmen consegue ser um filme que faz justiça aos fãs, e que vai agradar também a muitos daqueles que não conheceram a obra original, mas que gostam de super-heróis ou ficção cientifica
Reprodução quase que quadro a quadro da HQ, (usando a obra de Moore & Gibbons como storyboard), Zack Snyder e sua equipe conseguiram cumprir a tarefa hercúlea de adaptar um trabalho que (como disse um amigo meu) só poderia atingir fidelidade em uma mini-série de TV e não em um filme.
Claro que muita coisa se perde, mas são baixas necessárias no negócio multimilionário que é o cinema atual.
Na certa Watchmen e suas cenas de violência não agradará aos velinhos da academia, mas o contraste intencional dessas cenas em montagens com a estupenda trilha sonora retrô faz de certa maneira o filme se encaixar entre outros que usaram os mesmo artifícios, e que são cultuadíssimos.
Se não fosse claro exagerar a importância de uma obra que na versão cinematográfica acabou retendo não muito mais que o entretenimento ( um "Blockbuster" legítimo segundo o Music, Coke and Robots), estéticamente falando o Watchmen de Snyder está para os loucos anos zero do Século XXI para o que Laranja Mecânica de Kubrick foi nos anos 70 e o Clube da Luta de David Fincher foi nos 90.
O final do filme reconheço funciona (e realmente funciona) para as telas muito melhor do que o final da HQ (que ainda prefiro).
PS: Além disso a sequência de sexo entre o Coruja e a Espectral ao som de "Hallelujah" de Leonard Cohen já o torna por si só um cult instântaneo. ;)
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