sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Aprenda alguma coisa sobre trabalhos de FICÇÃO, e depois reclame...



MAL HUMORADO COMO UM FILME DO SPIKE LEE

Esse é um post, escrito originalmente em INGRÊIS e que tentou ser postado nos fórums do IMDB - Internet Movie Database, referente ao filme "Milagre em Sta. Ana" (2008) do diretor Spike Lee.

Aqui vai minha re-tradução tosca da parada.


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Olá, caras!


Primeiro de tudo. Inglês não ser a minha língua mãe.


Eu sou apenas um reles jovem- italiano- caucasiano- professor-de-história vivendo no Brasil.


Não sou um especialista em Spike Lee, muito menos um fanboy, mas admiro o trabalho do diretor. E só pra constar, sim, eu curto Clint Eastwood e não consigo enxergar “Dirty Harry” em nenhuma instância como propaganda fascista.


Sobre Lee, não vou sair por aí afirmando enfáticamente “Rapazes, está é a sua Obra Prima!!!”. Mas posso dizer que honestamente amei esse filme. (Exceto talvez pelas atuações exageradas do elenco italiano...)


No entanto, após ler muitas críticas sobre ele aqui nesse site, acho que a maioria das pessoas realmente não “captou” a coisa. “Milagre em Sta. Ana”, que realmente leva em conta eventos históricos reais, é antes mais nada um trabalho de FICÇÃO.


Os filmes de Spike Lee estão carregados de simbolismo e alegorias. ( simbolismos que em si são muito simples, como os irmãos italianos com a camisa “branca” e a camisa “negra” em “Faça a Coisa Certa”)


Exigir “Precisão Histórica” desse tipo de trabalho é como clamar por um Tarantino sem violência.


Este não é seu FILME BLOCKBUSTER PADRÃO DE 2ª GUERRA MUNDIAL. Este filme é a interpretação de Lee sobre todo o GENÊRO DE FILME DE 2ª GUERRA MUNDIAL.


(Dito isso prefiro “Sant’Anna” ao “Resgate do Soldado Ryan” que pra mim vale só por aquela cena inicial do desembarque de tropas durante o Dia D)



Os filmes de Lee são profundemente “bretcheanos”. Não posso afirmar se Spike Lee foi um aficionado por leituras de Bertolt Bretch, mas quem tiver paciência de pesquisar e ler alguma coisa sobre o roteirista e dramaturgo alemão, vai notar que ele e Lee têm filosofias muito similares sobre arte.


A personagem Axis Sally (para minha surpresa) realmente existiu. Mas aquele discurso ao destacamento de Bufallo Soldiers no inicio do filme, está muito mais direcionado na verdade ao espectador (uma reflexão sobre o papel dos negros americanos na guerra) do que aos personagens.



Aquele nazista “sangue bom” que entrega uma arma e aconselha Wector Negron no melhor estilo Deus Ex Machina, é muito mais um aceno e uma provocação irônica dirigida ao espectador do que mau revisionismo histórico. Como um lembrete que diz: “Hey, isso não é real!”


O massacre de uma população inteira em Sta. Ana foi mais um capítulo verídico da história ensangüentada da raça humana. Mas as ações dos guerrilheiros e dos nazistas no filme são mais uma reflexão sobre o todo das ações destes na guerra do que naquele espaço-tempo específico de Sant’Anna di Stazzema.


Não quero dizer com isso que trabalhos de arte não devem ser coerentes. Se lá na tela subitamente surgisse um exaltado Hitler afrodescente acariciando seus dreadlocks made in Jamaica... OK, já posso imaginar em algum lugar do mundo uma turba furiosa segurando tochas e gritando “Agora chega! ISSO passou DOS LIMITES!!!”. Mas não parece é esse o caso.


A melhor coisa nos filmes de Lee é justamente a ilusão do realismo. O ponto de vista dele sobre a participação dos negros americanos na 2ª guerra mundial em momento algum pretendia ser mais realista do que a participação dos brancos na 2ª guerra mundial dos filmes do John Wayne...


Alguns de vocês depois de tudo que falei continuarão a pensar “Senhor, mas isso é apenas um amontoado de confusos pensamentos esquerdistas!”.


Tudo bem.


Se você não gosta dos filmes de Spike Lee, tudo bem também.


Mas tentem ao menos entender as razões por trás de todo o seu fazer filmes. =) "

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Blood on the dance floor...


BASTARDS!!!


Deve ser ironia cósmica ou vai ver coincidências realmente existem.

( Se lembra Davide? Como quando você era moleque e pediu em prece para que DEUS matasse os MAMONAS ASSASINAS? Você ainda acreditava nele naquela epóca... Qual Mãe Diná que nada... E quando sua alteza Pedro Luiz , 4o herdeiro na linha de sucessão da Família Real Brasileira MORREU no acidente do avião da Air France no DIA SEGUINTE à aquela sua rápida pesquisa no Google sobre monarquistas no Brasil contemporâneo para os alunos do 3o ano do Ensino Médio?! Se lembra Davide?! Você chutou macumba Davide!)

"Kizzy Ysatis"; o escritor Cristiano Marinho, a quem eu entrevistei a um post a trás, não sofreu um acidente de avião, mas foi agredido de maneira hedionda por um grupo de brutamontes carniceiros que trabalhavam como seguranças na boate "A Loca" na grande São Paulo. Agredido junto a sua amiga a diretora e escritora Liz Vamp que sofreu apenas algumas escoriações (que cá entre nós, embora não escreva a melhor literatura do mundo é uma pusta de uma boa pessoa como atesta aquela super-criativa campanha de doação de sangue...)

Fiquei sabendo de tudo no dia seguinte ao ocorrido mesmo (isso foi 5 de Setembro) através do MSN messenger por um amigo meu que leu a entrevista enquanto conferia o layout novo com cara de DIY do Falagrilo. Ele me disse que acabava de ler que um tal de escritor chamado Cristiano Marinho havia sido espancado junto com a Filha do Zé do Caixão. Ele queria saber se era o mesmo da entrevista. Era.

(ah a ao que aprece a tal Liz "Vamp" Marins é filha de nada menos, nada mais que José Mojica Marins. O Zé do Caixão. Coffin Joe. Mestre do horror tupiniquim! Só tinha VIP no meio dessa galera! Será que esse povo não me chama a próxima vez que for sair?!)

No seu blog Kizzy diz que infelizmente agressões como essas podem ser uma prática comum em muitas boates.

Ao contrário do que afirmou Eric Novello não me surpreende, nem acho que o Kizzy deveria se ofender, com pessoas ou mesmo e fãs que por algum momento tenham se perguntado se ele não fez alguma coisa para motivar a agressão.

Afinal seria RACIONAL se houvesse motivação por trás das ações dos seguranças. Mas nesse caso é lícito pensar que racional não é bem lá o termo pra uma barbárie como essa...

O que foi alegado é que Ysatis teria tentado sair sem pagar, e que uma comanda foi encontrada no chão, e que além de tudo ele estava bêbado. Os seguranças teriam apenas revidado uma agressão que partiu dele.

OK. Vamos lá. Plot holes! O cara tem grana (ou pelo menos tá meior que nóis tudo...), tinha amigos presentes com grana, não ia criar caso por causa de mixaria. E mesmo que tivesse sido alguma gracinha da parte dele (completamente out-of-character, diga-se de passagem), teria ao menos "tentado" acredito solucionar tudo de maneira diplomática. Lógico que tinha álcool passeando no cérebro dele ! Quem sai de uma boate sem tomar umas e outras? Isso não quer dizer nada.

Mas vá lá. Vamos desligar o cérebro por um minuto. Mesmo que Kizzy tivesse "surtado" e tentado pulverizar um dos guardas com uma exibição do seu poderoso kung fu vampírico. Pela lei a LEGÍTIMA DEFESA requer PROPORCIONALIDADE. Você não pode degolar alguém que te agrediu com um tapa e alegar "foi legítima defesa!". Os seguranças da boate não devem ter se danificado muito, ou as reportagens teriam mencionado. Já o nosso amigo escritor tem fraturas no crânio e santa maionese batman.... é... só olhar as fotos....

No fim das contas se houve razões por parte dos calhordas, devem mesmo é ter sido razões financeiras e talvez uma infância triste. Não me comovem. Não sei se existe precedente legal para condená-los por "tentativa de homicídio" como se está tentando, mas espero do fundo dos infernos que consigam, pois seria mais do que merecido.

Espero que Kizzy se recupere e que algum dia a merda do Estado brasileiro não dependa de campanhas na internet ou mobilizações para cumprir o seu papel com agilidade. Se coisas como essas acontecem à alguém que tenha um nome no mínimo relevante que se dirá com nós outros foolish mortals...

No mais quero pedir desculpas se minhas falhas tentativas de humor não foram bem vindas. Sabe como é.


É que eu sou o palhaço, o coringa, o palhaço, o joker.... o bobo... eu sou o palhaço...

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Update


OLÁ.

Estou sem paciência para um post dando explicações a cerca da ausência de post em determinado recorte cronológico. Estou com vontade de escrever algo um tanto quanto mais substancioso, e não quero gastar espaço com isso, então vai de uma vez aqui mesmo um rápido feedback.

1- O nome do blog mudou para "Falagrilo" uma vez que "O Grilo Falante" havia adiquirido conotações de pasquim de terceira dado a sentimentalismo piegas. Gosto de grilo, gosto do termo "grilado", gosto de zombar do estereótipo do "bicho-grilo", gosto do personagem colodiano e a metáfora disneyana sobra a voz da cosciência, do dissenso do consenso, gosto de verde, gosto de falar, gosto de discutir; e além de tudo isso gosto da idéia de manter o mesmo endereço e não jogar fora todo o meu trabalho "so far".

Então sem mudanças drásticas. Só um reposicionamento de marca.

2 - Lista de filmes e dever de casa feitos. Ainda aguardamos o MinC (Ministério da Cultura) e sua agilidade de paquidermede soviético de disponibilizar logo o equipamento para o Cineclube aqui em Cambuquira.

3- Desisti esse ano de arriscar uma cara e estafante inscrição no mestrado de "Estudos Literários" da UFMG, por causa do meu ainda nu em termos de publicações curírculo da Plataforma LATTES. Mas inscrição em Janeiro pra especialização em Temas Filosóficos tá de pé. =D

4- Mandei 5 micro-contos para o projeto do REDERPG "Circo de Horrores". Aguardo ainda o e-mail resposta. Mas meu sentido aranha me diz que isso pode demorar...

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Entrevista - KIZZY YSATIS



ENTREVISTA COM O VAMPIRO

Confesso que a primeira vez que vi a capa do livro “O Clube dos Imortais: A Nova Quimera dos Vampiros” minha reação foi uma mistura paradoxal de admiração e desdém. Admiração pela arte incrível que a ilustrava e desdém pelo nome do autor que parecia algum pseudônimo de guru new age. Quase impronunciável aliás. Kizzy Ysatis. “Yisátes?” Não, “Ísatis” disse meu amigo.

Tendo minhas únicas felizes experiências vampirescas na literatura até então sendo sido Drácula de Bram Stoker e Entrevista com o vampiro de Anne Rice (este último lido em um underground ao som de heavy metal amador) não botei muita fé. O livro havia ganhado um daqueles prêmios sérios de literatura, o Raquel de Queiroz, e o autor fora sujeito de uma memorável entrevista no Jô Soares. Mas meu caráter iconoclasta na época (desconfie de tudo que dizem que é bom!) não me permetiu o terrível esforço de pedí-lo emprestado.



Então anos depois me deparo no Youtube com aquela famigerada entrevista. Apesar do exotismo da personagem do entrevistado com cara de Johnny Depp a la Tim Burton, capaz de pagar um dentista para fazer caninos pontiagudos permanentes com resina, e de se exibir em rede nacional com um sobretudo roxo e cartola, o seu carisma, o seu humor e o forte indício de uma visão criativa despertaram em mim aquele mínimo de interesse que faz a gente correr atrás das coisas. Qualquer coisa.

Não só Cristiano Marinho (o nome na Carteira de Identidade de Ysatis),
era considerado um especialista de um subgênero do terror, mas havia conseguido ultrapassar a barreira do preconceito do meio literário e bolar (e então meu RPGista interior ficou mordido) um novo cânone ou “história de origem” para os vampiros que fazia aquela velha história de Caim que Mark Rein Hagen botou no Vampiro: A Máscara de 1991 um blábláblá datado e sem criatividade. Os vampiros asraelitas de Kizzy descendiam igualmente de figuras bíblicas, mas de anjos caídos do Livro de Enoch. E tinham explicações saborosas para seus poderes e fraquezas.

Consegui o livro que descobri que na verdade pertencia a um amigo de meu amigo. Li o Clube em um fôlego só. As surpresas dessa história de vampiro (e bruxas, e lobisomens...) que ao mesmo tempo que se passa no Brasil contemporâneo, bebe da história e da literatura do nosso país, sem recorrer a caricaturas de cultura popular e sem clichês mal digeridos me levou aos extremos do entusiasmo.


Tanto que deixei de lado a minha antipatia pelo protagonista
( que como toda boa narrativa gótica é ofuscado pelo brilho obscuro do antagonista ) algumas pontas soltas da narrativa, a bissexualidade pós- annericeniana dos sanguesugas que já se tornou canônica e algumas pontas soltas da narrativa e pude constatar que a obra era realmente DO CARALHO.

Tentei saciar minha vontade de um repeteco daquela experiência indo atrás de outras obras do Kizzy: seu segundo romance “Diário da Sibila Rubra”, suas antologias, seus contos, seu blog. Mas no fim ficava mesmo aquela vontade interna, aquela negócio mais ou menos assim, uma vozinha que diz “putz, imagina só se encontro esse cara pra bater um papo de boteco”.



Direto da periferia cultural do mundo para a internet, resolvi abordar o fulano e jogar na lata minha admiração e meus pontos de interrogação. O pretexto chinfrim do qual estava munido era a idéia estapafúrdia de pedir uma entrevista via e-mail para o meu blog merda e mal visitado.


Imagine só se um cara que já havia ido ao Jô ia perder tempo com um zé ninguém professorzinho furreca de cidade pequena que nem eu .
NÃO É QUE O MALUCO TOPOU?!

Abordei Kizzy Ysatis por Orkut. Ele me adicionou e respondeu todos meus scraps sem nenhum estrelismo ou síndrome de celebridade. A minha inépcia como entrevistador ficou mais do que clara, aquelas cinco perguntas “geniais” sobre “o processo criativo do artista” (?!) que eu tinha elaborado no final devem ter deixado a impressão de no entrevistado que eu era alguma espécie de ogro bêbado atacando seu trabalho. Era a tar da mardita da ambigüidade.


No mais me restava apenas constatar de que realmente não é preciso de diploma para ser jornalista. Mas que deve ajudar, ajuda.


E
é claro. Postar toda a coisa:

EU: Um lugar comum, para começar. Além do sobrenatural e da mitologia quais outras temáticas interessam a você como escritor? Já em aspectos formais de escrita ("estilo") quais os autores e obras que você acredita que tenham influenciado diretamente a escrita de livros como O CLUBE DOS IMORTAIS : A NOVA QUIMERA DOS VAMPIROS e O DIÁRIO DA SIBILA RUBRA?


Kizzy Ysatis: Todas as temáticas me interessam. Acredito que um escritor não deva se prender a um único assunto, do contrário será limitado. Embora eu sempre vá permear o fantástico. Todos os livros que li influenciaram, de um jeito ou de outro, a minha escrita. No entanto, na época em que escrevi o Clube dos Imortais, eu lia muita poesia romântica, Oscar Wilde e livros espíritas (dos bons, odeio Zíbia). Parecem temperos díspares, não? Menos para a imaginação que costura as idéias. Já na feitura de Diário da Sibila Rubra, lia só mulheres: Virginia Woolf, Lygia Fagundes Telles, Nélida Piñon, Clarice Lispector, entre outras.

EU:
Descreva seu processo criativo. Qual a primeira etapa que você empreende ao iniciar a escrita de um conto ou romance?

Kizzy Ysatis:
Você não começa uma obra literária sem uma semente, e essa semente é a idéia, que surge num sonho (na maioria das vezes) ou de um devaneio. Por isso, durmo com um caderno e o celular para usar de lanterna. Deixo ao lado do travesseiro. Jamais saio sem uma caderneta e uma caneta pelos bolsos. O ócio é a alavanca mais poderosa do artista. No vazio, a imaginação emerge.

EU:
Uma provocação: O que é mais importante, pesquisa ou imaginação?

Kizzy Ysatis:
Não vejo como provocação, acho até uma pergunta pertinente. A verdade é que não é nenhuma nem outra. Ambas são coisas distintas. Da imaginação brotam as flores, a beleza, a criatividade e a autenticidade da tua obra. A pesquisa reforça a narrativa. É um adubo. Ou um forte pilar para sua construção literária. A pesquisa torna teu texto verossímil. A verossimilhança é o tempero que vai manter teu leitor fiel a escrita. Você pode falar de Plutonianos no Havaí, tendo uma coerência verossímil, o leitor passa a acreditar na história. Agora veja bem, não preciso explicar que essa verossimilhança não tem de ter, necessariamente, um pé na realidade, mas, sim, na realidade condizente ao que se afirma na trama. Certo?

EU:
Você já afirmou uma vez trabalhar em mais de um Romance ao mesmo tempo. Ainda adota essa metodologia? Quais os prós e contras dessa abordagem?

Kizzy Ysatis:
Em cada romance, eu provo uma idéia nova. Um jeito de criar diferente, a fim de ver para quais veredas posso ser carregado. Às vezes, escrevo mais de um romance ao mesmo tempo, mas é fácil. É o mesmo que fazer dois pratos, como sua mãe faz no Natal. Enquanto assa o peru, ela prepara um doce, unta uma forma, e por aí vai... Particularmente, vivo uma desordem. A escritora Flávia Muniz diz que sou um caos. Eu escrevo o livro que me chama. Obedeço só ao meu desejo, ao prazer de escrever. Sem tesão, não rola.

EU:
Como um escritor que já participou de projetos de escrita coletiva (A TRÍADE) e de antologias de contos (BRAINSTORM, O LIVRO NEGRO DOS VAMPIROS, TERRITÓRIO V: VAMPIROS EM GUERRA) qual é a sua opinião a respeito desse tipo de trabalho? Obras por editoras que já foram rotuladas por muitos de "Vanity Press" (onde grande parte das tiragens dos livros são pagas pelos autores) realmente contribuem para divulgar escritores iniciantes ou acabam na maioria dos casos apenas engessando suas imagens em estereótipos e rótulos como o de "autores menores" ?

Kizzy Ysatis: Quem aplica tais rótulos, e estereótipos, ou são os invejosos ou os covardes, ambos oriundos da mais pura vileza, trajados nos andrajos da baixeza. Vamos separar bem as coisas. Território V nada tem a ver com pagar qualquer coisa. Foi um concurso válido em todo o território nacional para eleger apenas 9 que entraram na seleta por mérito, e não tiveram, nem precisarão, pagar absolutamente nada. Pelo contrário, foram pagos e ainda tiveram o luxo de estrearem ao lado de 10 escritores conhecidos e que já estão no mercado. Queria eu ter começado assim, queria eu ter tal prêmio!



No caso do Brainstorm foi uma cooperativa. Foi minha estréia e não me vi como autor menor. Não há rótulo que consiga subverter o artista quando este é audaz. Este livro me abriu as portas para uma editora maior, a Novo Século. E agora estou aí, pelas vitrines de todo o país. Por fim, em O livro negro dos vampiros, ajudei o escritor Cláudio Brites a selecionar 50 autores entre mais de trezentos lidos. Não foi qualquer um que entrou, houve critérios.




EU: Qual a sua opinião a respeito da nova onda de literatura infanto- juvenil estrangeira? (Harry Potter, Crepúsculo.) Se por um lado esses livros estimulam a leitura, contribuem para criar ainda um abismo entre cultura pop e uma literatura "séria" que contemple questões estéticas ou temáticas provocantes e mais maduras?

Kizzy Ysatis:
Depende do que você enxerga como literatura séria, há um preconceito nessa pergunta. Porque tem gente que tem preconceito com o que faço, como se não fosse sério escrever sobre vampiros. Vá se catar os críticos e acadêmicos frustrados, vão se catar os invejosos, que se mordam os incapazes. Hans Andersen tocou no que tinha de mais profundo da alma humana usando apenas um patinho feio, desajeitado e rejeitado pelos irmãos, pelos iguais, criticado e injustiçado por ser diferente. Ah, mas que lindo cisne se provou ao crescer. Se eu conseguir fazer o mesmo com meus vampiros, morro feliz. E que livro pode ser mais sério que O pequeno príncipe? Ora, meu amigo, não é a temática que faz o livro bom, é o autor. Por isso acho que Harry Potter não tem nada a ver com o lixo que é Crepúsculo. J.K. Rowling sabe escrever. Por favor, não a compare com aquela “malhação” com pseudo-vampiros-emos-purpurinados.


EU:
Ainda mais uma vez e em todo caso, grato pela atenção dispensada.

Kizzy Ysatis:
Eu que agradeço. ;-)



EU:
Na verdade a entrevista acabou por aí. Mas pseudo- vampiros-emos- purpurinados foi fóda. Fóda.

E mais uma vez Cinema...



A MALDIÇÃO DA CINEFILIA.

Já disse que não sonho nem nunca sonhei em ser Cineasta, mas a minha paixão pelo cinema me persegue.

Dos dias 15 a 19 de Julho aconteceu em Cambuquira a 5a MOSCA.

Fui mais uma vez arrastado para dias corridos de oficinas de realização audiovisual, maratonas de curta- metragens (ou nem tanto, perdi algumas sessões) , divagações solitárias e resmungos sobre o atendimento no café do evento regadas a irish coffe + petiscos de queijo e noites memoráveis na companhia de bons amigos e amigas em nossos devaneios pós-modernos na madrugada da pequena urbe. Infelizmente não pude ficar para o último dia.

Mais detalhes em vindouros posts.


Do dia 19 ao dia 25 de Julho aconteceu em Belo Horizonte as oficinas do Cine + Cultura de capacitação cineclubista organizada pelo Ministério da Cultura.

Tive a sorte de ser indicado para participar e a a oportunidade de ficar quase uma semana inteira hospedado no Bristol Merit Hotel, em mais e mais maratonas de aulas e filmes, conhecendo pessoas egressas de todos os cantos de Minas e do Centro Oeste, com direito a cama, café, almoço e janta. 0800. Tudo por conta.

(Não me levem a mal fiz bom uso da verba do estado. E toda a coisa me permitiu refletir sobre os prós, os contras, limites e critérios dessas "leis de incentivo".)

Mais detalhes em vindouros posts.

O resultado é que em breve seja possível trazer um Cineclube (Condensando para os leigos: Cinema de exibição de filmes do circuito nacional e/ou alternativo de entrada franca) para a população da nossa querida City of the Doomed.

Mais detalhes em vindouros posts.

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Resenha - Lost in Translation (2003)




PERDIDOS EM TOKYO


Lost in Translation” (título brilhante traduzido não sem uma certa ironia para “Encontros & Desencontros”) filme vencedor do Oscar de melhor roteiro original lá no ido ano de 2003 é considerado até o presente momento de publicação nesse blog a Magnum Opus de Sofia Coppola.

O filme trata de temas como solidão, alienação, choque cultural e geracional. Conta a história de dois estadunidenses: Bob Harris, um ator decadente que vai para o Japão gravar um comercial de whisky (dá-lhes Bill Murray!) e Charlotte uma jovem recém formada e negligenciada pelo namorado workaholic (sabe-se lá como ele conseguia ignorar a onírica Scarlet Johanson); e a amizade/ paixão que se estabelece entre essas duas criaturas enquanto eles na condição de patéticos peixe- fora- d’água tentam sobreviver as suas jornadas melancólicas na surreal Tokyo pós-moderna que serve de pano de fundo para a narrativa.

As personagens do filme transcorrem seus dias perdidos em um ambiente cultural diverso, exilados do mundo em um hotel onde transcorre boa parte dos eventos da história e a total ausência de legendas por parte do elenco japonês nos leva a experimentar a mesma sensação de desorientação pela qual passam os personagens. O filme está cheio de cenas memoráveis sobre as quais não vale a pena comentar estragando a surpresa de quem ainda não o viu.





Os filmes de Sofia celebrados por todos pela retratação do universo feminino aprisionado são também uma excelente ponte para se pensar o papel de nós homens, o machismo cansado e o eterno abismo na compreensão da mulher. Copola poderia ser considerada uma modelo de feminista que não recorre a sexismos, evita lugares comuns, não demoniza o sexo oposto e não cai em generalizações grotescas.

Li uma crítica dizendo que apesar da ênfase na temática da comunicação, Sofia errou ao retratar o Japão Moderno de forma caricata, preconceituosa, e mesmo “racista”. Não concordo já que o Japão serve em primeiro lugar de ambientação exótica ao ocidental e de um pretexto narrativo necessário pois o filme jamais impactaria o seu público alvo (nós ocidentais) com o uso de signos conhecidos com os quais estamos acostumados.

Na medida que para o espectador que não é ingênuo o filme assume essa sua visão “de fora” e tenta justamente retratar não o país em si, mas a visão das personagens outsiders o contraste dos americanos deprimidos com o fetichismo ocidental presente na sociedade nipônica que mesmo muitos japoneses reconhecem e criticam.

Apesar dos ares de “comédia romântica” Lost in Translation não agradará os espectadores médios ou casuais. Isso por que o filme tem uma narrativa lenta e com pouca ação, insiste em uma visão quase turística e obsessiva do panorama Japão, e pelo seu final genial, mas cruelmente muito, muito, muito frustrante.

Daqueles finais abertos que se beneficiam de fruição, reflexão e sensibilidade na mesma linha de “Onde Os Fracos não tem Vez” (2007), mas que consegue ser ao mesmos tempo um daqueles emocionantes e inesquecíveis. Lost in Translation pode ser uma experiência mágica se for assistido com uma mente aberta e por uma mente descansada (ou regada a cafeína.)





Além de Encontros & Desencontros a diretora Sofia Coppola é conhecida pelo também excelente “As Virgens Suicidas”(1999) adaptado do romance homônimo e o mais recente Maria Antonieta (2006) que desagradou muitos críticos de plantão por sua estética pop e anacrônica.

Menos decorosamente ela é conhecida por ser a filha de um monstro sagrado como Francis Ford Coppola, tendo participado em seu O Poderoso Chefão: Parte III (1990) numa atuação café-com-leite-mamão-com açúcar como a personagem Mary Corleone, e por relacionamentos pessoais com figuras cultuadas do mundo da arte a exemplo do seu casamento com diretor Spike Jonze, e umas farras aí com o Tarantino.

Pessoalmente devo confessar que embora reconheça o brilhantismo técnico do paizão, os filmes do Francis nunca me agradaram muito. Gosto mesmo apenas do O Poderoso Chefão original , algumas cenas antológicas da Parte 2, e me desculpem por abominar o na minha opinião chatissímo e datadíssimo Apocalipse Now. Não sou um fã ardoroso de Dom Coppola.



Já por sua filha eu me apaixonei.



sexta-feira, 29 de maio de 2009

Ensaio - Política - Fantapolítica VS. Realpolitik


FANTAPOLÍTICA VS. REALPOLITIK

Venho percebendo o quanto hoje em livros didáticos e em campanhas de ONGs tem se falado sobre cidadania ou a participação do povo em política.

Acredito que tudo isso seja herança das décadas 1960 e 1970 quando a política desceu às praças e ruas na forma de protestos de bandeiras variadas rompendo o clima de repressão cinquentista inaugurado pela Guerra Fria. Protestos contra a guerra, o capitalismo e as ditaduras no Ocidente, e contra o Socialismo e a ditadura de estado no Oriente.

Os movimentos de 70 tiveram trunfos políticos limitados. Os manifestantes contra a Guerra do Vietnã com certeza bamberam a popularidade na opinião pública a respeito do presidente Ronald Reagan nos E.U.A e o Maio de 68 ajudou a encurtar o governo De Gaulle na França, mas as guerrilhas e movimentos comunistas no ocidente e o socialismo "de face humana" alardeado pela Primavera de Praga na Tchecoslováquia acabaram como símbolos das diversas utopias políticas adolescentes não realizadas a longo prazo.

No entanto embora de êxito político dúbio ou limitado esses movimentos foram vitoriosos culturalmente. Influências ainda sensíveis existem na maneira contemporânea de se vestir, pensar e no mundo das artes . Mesmo na política um dos legados mais vísiveis atualmente dessas décadas seja talvez todo o hype em torno do "direito das minorias" (minorias?) que inauguraram ( movimentos pelos direitos dos negros, mulheres, homosexuais, portadores de deficiências, e incluídos pelos ecologistas, os animais)

Esses movimentos trouxeram a política para longe das suas torres de marfim para o mundo do cotidiano e dos jovens, mostrando que dentro de governos republicanos ou democráticos mesmo o cidadão comum poderia ter sua participação, aliás tinha como dever a participação política. Mesmo delírios esquerdistas se pautavam nesse anseio por essa liberdade de ação.

No entanto quase quarenta anos depois a desilusão com a classe política tem nos mostrado no mundo ao contrário cidadãos cada vez mais desinteressados, desinformados e carregados de preconceitos a respeito do assunto política.

Creio que isso acontece por que hoje a tal política "cidadã" continua seguindo fórmulas esgotadas e teorias políticas anacrônicas. Idealismos que pregam em vão como o "mundo ideal" deveria ser. Nesse sentido tanto o anarquista que acredita na paz mundial ou advogados de práticas de redução de dano ambiental ou marxistas gramscianos estão muito mais próximos daquela tradição fantapolítica inaugurada por Platão em sua Repúlica e continuada por Thomas Moore em A Utopia, do que os arremedos de filosofias que originalmente os inspiraram.

Se conclama o cidadão a agir, mas cegamente sem lhe dar os aparatos conceituais necessários para que entenda os funcionamentos reais da política dentro de seu país, ou medidas pálpáveis de como aquelas reivendicações podem realmente ser conquistadas. Faltou na década zero um movimento cultural que conseguisse conciliar o "fazer sua parte" com a Realpolitik do dia a dia.

Afinal de contas quantas pessoas hoje entendem verdadeiramente de política? Sabem hoje como funciona um partido? Quem são os políticos que elegeram? Como funcionam as leis eleitorais? O que são os sistemas de alianças e como eles influenciam os governos e oposições? Quantos jovens fora de famílias oligárquicas sonham com a carreira política ou em participar dessa mesmo que seja a nível municipal? Quais são as ONGs que possuem um nível de organização o suficiente para coordenar protestos sérios ou que saibam aproveitar criativamente dos espaços disponíveis para a comunicação? (Eu confesso-me um analfabeto político)

Mas pensar nesse tipo de coisas causa desconforto ao cidadão médio. É melhor exigir a plenos pulmões soluções radicais "fora do sistema" ou mágicas, instantanêas trazidas por algum tipo de divindade ou pensamento positivo. Ficar simplesmente bestializado perante os crimes ou a incompetência dos governantes, ou fazer protestos faraônicos só por fazer. A Realpolitik não é tão fascinante, tão consolatória, tão "cool" quanto a fantapolítica.

Se uma década vindoura tal movimento cultural conciliatório entre cidadania e pragmatismo político vier a exisitir (sou fantapoliticamente falando um pessimista histórico) só se pode esperar que para que ele realmente tenha êxito seja endogêno e extraescolar, visto que a alta carga ideológica aliada a um cenário de analfabetismo funcional presente na educação brasileira e a alegada eficiente educação dos países de primeiro mundo tem ambas até o presente momento falhado em nos agraciar com os pranteados "cidadãos conscientes".

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Diatribes cinéfilas


+ DIATRIBES DO MUNDO CINÉFILO SUL-MINEIRO.

O curta “FICÇÃO” que eu e meus amigos vínhamos engendrando acabou após um exaustivo dia de gravação sendo cancelado. Entre outras razões para o cancelamento do nosso pet project a falta de agenda dos atores, e um deadline muito “apertado”.

Na verdade 1 mês seria um tempo generoso para um curta-metragem mas a nossa incompetência somada a prima-donnice do elenco acabou deixando tudo só no roteiro. Sou contra essa coisa de apressar as coisas (pelo menos dentro do nosso mundo amattore {não profissional}) só pra poder caber dentro do prazo de entrega.

Se for pra fazer algo corrido, melhor nem fazer.

De consolação (e ironicamente) acompanhamos desde o dia 8 de Maio a quarta feira da semana passada a excelente iniciativa do Cineclube da MOSCA, organizado por Carlos Eduardo Magalhães de Aguiar.

Assisti feliz e gratuitamente filmes excelentes como o humanissímo “Viagem a Darjeeling” de Wes Anderson e o curioso e bisonho documentário brasileiro “O Beijoqueiro: Portrait of a Serial Kisser”. Os curtas-metragens também forma ótima fonte de reflexão e entretenimento, entre eles um dos meus curtas favoritos, o antológico (em versão digital ) “Ilha das Flores” de Jorge Furtado.

Ponto alto ainda pra exibição de uma versão com montagens e áudio atuais de “Testemunha Oculta” de Zé Pintor, um são carlense pioneiro, amador e amante do cinema que realizou na década de 60 fora de qualquer pólo de cinema nacional e película diversos médias envolvendo gêneros variados como o policial, o faroeste, alegorias espíritas e o Egito antigo (WTF?!).

Zé Pintor mostrou que somos todos mesmo um bando de inúteis, anões degenerados perto dos grandes gigantes do passado. Após de tudo fica o gostinho do curta próprio não realizado, mas reforçou minha opinião de que o hobby “fazer cinema” pra quem não quer vestir profissionalmente a camisa de diretor ou produção televisiva é só mais uma dor de cabeça.

O ponto fraco do Cineclube ficou pro datado, indigestíssimo e metido a Cinema Novo, “Tudo Bem” de Arnaldo Jabor.

Um dia talvez me animo de fazer um post só sobre esse filme. Mas não sei se vale a pena. =)

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Top 13 - Short Fiction


Inspirado por aquela seção de Revista (Superinteressante? Eu acho.) 5 Luxos e 1 Lixo resolvi fazer meu próprio top, de melhor short fiction: incluindo contos, crônicas e pastiches literários.

Tentei colocar meus favoritos e fugir um pouco dos “lugares comuns” (Não , admito que ainda não li Chekhov nem Guy de Maupssant.) Além disso deixei de fora coisas que realmente queria incluir como Edgar Alan Poe e sua excelente A Milésima Segunda Noite de Sherazade ou
Tolstói com seu conto De Quanta Terra Precisa um Homem? Ou seja excluí muita coisa que gosto. Mas muita coisa que detesto também.

Senhoras e Senhores eu lhes apresento

12 APOSTÓLOS...


1-
Os Escrivães – Dino Buzzati
Perfeito. Simples. O Número Um. Obrigatório para maiores de 60 anos e para todo graduando que já enfrentou ou está enfrentando uma Monografia...

2 – Frontal com Fanta - Jorge Furtado
Se você gostou de “O Homem que Copiava” ou “Ilha das Flores” vai gostar desse conto. Long live Post-Modernism.

3 – A Casa TomadaJulio Cortazar
Realismo fantástico na veia. Adoro os personagens e a insólita situação problema que eles vivem.
Sempre fiz uma leitura "social" desse conto , mas se eu estiver certo ela é também muito sutil.

4 – Ultimo Viene Il Corvo - Italo Calvino
+ Realismo Fantástico. Dessa vez ambientado durante a Segunda Guerra Mundial. Aprenda a ler italiano ou descole uma tradução.

5 – A Biblioteca de BabelJorge Luis Borges
Para aqueles que se consideram leitores fanáticos. Um metáfora do próprio universo.

6- Tlon, Uqbar, Orbis Tertius - Jorge Luis Borges
Para quem gosta de “O Pinky e o Cérebro”. Intelectuais conspiram satânicamente para transportar seu mundo ficcional para o nosso.

7- O Aleph- Jorge Luis Borges
Para aqueles que já quiseram ser oniscientes. Borges contempla o infinito, e se vinga!

8 – Como Viajar com um Salmão - Umberto Eco
Um relato real sobre as diatribes da informática, da globalização e da conserva de alimentos.

9 – Leaf by NiggleJ.R.R Tolkien
Esqueça elfos, anões e hobbits. Na minha opinião essa é a melhor coisa que o “professor” já escreveu.

10 – As Time Goes ByLuís Fernando Veríssimo
A melhor fan fiction de Casablanca. Mas também não conheço muitas...

11 – O NadadorJohn Cheever
Quem nunca teve o sonho de atravessar o bairro nadadando de piscina em piscina? Eu nunca.

12 – Como conversar com garotas em festas Neil Gaiman
Londres. Dois amigos. Era do Punk. Mulheres. Festas. Bebida. E Alienígenas!!! Precisa dizer mais alguma coisa?!

E 1 CRISTO!!!

1 – SIMFernando Ferric
Tive acesso a esse conto através de um amigo. Quem entende já percebeu que amo Realismo Fantástico, pitadas de Surrealismo, finais abertos, e mesmo aquela narrativa detetivesca. (toda metida a pulp). Mas ISSO eu considero um exercício ruim. Why? Por que apesar da situação "enigmática "o conto realmente não me diz absolutamente nada.

Perdão ao Ferric por usar de o texto dele de mau exemplo. Mas Jesus também foi injustiçado...

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Muito barulho por nada?


O FAZER CINEMA VS. O FAZER LITERATURA.


Bem vindo novamente, (hipotético leitor) ao GRILO FALANTE.


Andei ocupado esse mês com os sempre extenuantes deveres da vida de professor e resolvendo os dilemas que reserva o meu desconhecido futuro acadêmico – profissional.


Mas não foi só isso.


Nos últimos dias embarquei por puro diletantismo na gravação de FICÇÃO, um curta amador para ser exibido no MOSCA 5. O roteiro e o argumento são de minha parte, a adaptação bastante poética do conto “La Cosa de Umberto Eco. A produção, se é que se pode produzir um filme de 20R$ e muitos favores) e parte da direção também.


O trabalho de câmera ficou por conta do Marcelo Telles II e o figurino e material de cena e outras contribuições por conta do resto da nerdada. A edição e a dublagem permanecem uma incógnita até segunda ordem.


Enfrentamos vários problemas na gravação, especialmente com a organização (o já clássico aborrecimento da falta de comprometimento) e o cronograma. Ainda acho que a decisão de usar adultos feitos nos papéis principais foi a mais acertada e dá uma “seriedade” maior ao trabalho (mesmo o filme se tratando de uma comédia), mas sempre compromete as coisas pela falta de agenda já esperada para gravação e ensaios.


No fim, estava pensando outro dia, sempre acaba sendo aquela corrreria e muita dor de cabeça, em troca de algo sem dúvida divertido, mas um tanto efêmero.


TAÍ!


Cinema foi um troço que eu nunca quis mexer. Gostar de cinema, ver cinema, ir ao cinema (ou melhor ira ao DVD e a TV á cabo) e escrever e comentar sobre filmes em geral são coisas que adoro. Parte do meu dia-a-dia. Coisas sem as quais eu não conseguiria viver.


Mas se alguém me perguntar se eu já tive o sonho de ser um grande diretor, ou trabalhar nessa área fora de qualquer coisa que não seja roteiro (ou argumento) eu tô fora.


Arte por arte prefiro escrever.


O Cinema apesar de ter maior visibilidade continua sendo um veículo caro, e uma praia que exige muitos contatos e, sobretudo trabalho de equipe (ou um diretor – ator-produtor lunático e obsessivo com mão de ferro). Compensa o esforço? Compensa. Mas somente para aqueles que querem embarcar no hype do audiovisual e que o consideram seriamente a profissão.


Para aqueles como eu monges venenosos, monstros tímidos, Corcundas de Notre-Damme reclusos em suas torres e kitinetes, escrever é um hobby que acaba sendo algo muito mais individual, solitário e prazeroso.
Ainda por cima tem a vantagem de se ser um meio muito mais barato e um universo produtor de significados muitíssimo mais amplo.


Mas meu desapontamento com o fazer da sétima arte talvez não seja uma coisa tão ruim. Como disse Jorge Furtado esse é um tempo que conhece muito diretores, mas poucos autores.


E numa indústria onde o Cinema fica cada vez mais dependente e parasitário da Literatura (estou começando a sentir remorsos pelo roteiro adaptado) talvez essa última acabe sendo um desperdício de tempo um pouco mais nobre.