Aqui vai minha re-tradução tosca da parada.
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“Olá, caras!
Primeiro de tudo. Inglês não ser a minha língua mãe.
Eu sou apenas um reles jovem- italiano- caucasiano- professor-de-história vivendo no Brasil.
Não sou um especialista
Sobre Lee, não vou sair por aí afirmando enfáticamente “Rapazes, está é a sua Obra Prima!!!”. Mas posso dizer que honestamente amei esse filme. (Exceto talvez pelas atuações exageradas do elenco italiano...)
No entanto, após ler muitas críticas sobre ele aqui nesse site, acho que a maioria das pessoas realmente não “captou” a coisa. “Milagre em Sta. Ana”, que realmente leva em conta eventos históricos reais, é antes mais nada um trabalho de FICÇÃO.
Os filmes de Spike Lee estão carregados de simbolismo e alegorias. ( simbolismos que em si são muito simples, como os irmãos italianos com a camisa “branca” e a camisa “negra” em “Faça a Coisa Certa”)
Exigir “Precisão Histórica” desse tipo de trabalho é como clamar por um Tarantino sem violência.
Este não é seu FILME BLOCKBUSTER PADRÃO DE 2ª GUERRA MUNDIAL. Este filme é a interpretação de Lee sobre todo o GENÊRO DE FILME DE 2ª GUERRA MUNDIAL.
(Dito isso prefiro “Sant’Anna” ao “Resgate do Soldado Ryan” que pra mim vale só por aquela cena inicial do desembarque de tropas durante o Dia D)

Os filmes de Lee são profundemente “bretcheanos”. Não posso afirmar se Spike Lee foi um aficionado por leituras de Bertolt Bretch, mas quem tiver paciência de pesquisar e ler alguma coisa sobre o roteirista e dramaturgo alemão, vai notar que ele e Lee têm filosofias muito similares sobre arte.
A personagem Axis Sally (para minha surpresa) realmente existiu. Mas aquele discurso ao destacamento de Bufallo Soldiers no inicio do filme, está muito mais direcionado na verdade ao espectador (uma reflexão sobre o papel dos negros americanos na guerra) do que aos personagens.
Aquele nazista “sangue bom” que entrega uma arma e aconselha Wector Negron no melhor estilo Deus Ex Machina, é muito mais um aceno e uma provocação irônica dirigida ao espectador do que mau revisionismo histórico. Como um lembrete que diz: “Hey, isso não é real!”
O massacre de uma população inteira
Não quero dizer com isso que trabalhos de arte não devem ser coerentes. Se lá na tela subitamente surgisse um exaltado Hitler afrodescente acariciando seus dreadlocks made in Jamaica... OK, já posso imaginar em algum lugar do mundo uma turba furiosa segurando tochas e gritando “Agora chega! ISSO passou DOS LIMITES!!!”. Mas não parece é esse o caso.
A melhor coisa nos filmes de Lee é justamente a ilusão do realismo. O ponto de vista dele sobre a participação dos negros americanos na 2ª guerra mundial em momento algum pretendia ser mais realista do que a participação dos brancos na 2ª guerra mundial dos filmes do John Wayne...
Alguns de vocês depois de tudo que falei continuarão a pensar “Senhor, mas isso é apenas um amontoado de confusos pensamentos esquerdistas!”.
Tudo bem.
Se você não gosta dos filmes de Spike Lee, tudo bem também.
Mas tentem ao menos entender as razões por trás de todo o seu fazer filmes. =) "













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